Diversos motivos são observados para justificar os vários níveis e formas das chamadas Disfunções Sexuais, desde uma inabilidade causada por um comportamento reprimido em relação ao próprio corpo, até uma patologia fisiológica, que é o caso da Doença de Peyronie. Como lidar com o medo que contrai a vagina na hora da penetração ao invés de relaxar? Como manter a sexualidade e autoestima frente a uma repentina deformidade peniana?
Cada pessoa é um universo e seu histórico vai oferecer ao psicólogo, psiquiatra, ginecologista ou urologista, informações que serão utilizadas na construção de um tratamento focado em reverter as causalidades disfuncionais. Estar disposto a construir mudanças é o primeiro passo. Confiar em si mesmo e alcançar um desempenho sexual saudável é a meta. O esforço é a ferramenta, desde que seja encarado como um aliado bem-vindo e não como um vilão. É o esforço que nos impulsiona ao movimento e é a prática que transforma o comportamento. Entender que para aprender basta se dispor e para mudar basta por em prática o aprendizado é o que vai amenizar as influências do “excesso” do medo, que atua de três maneiras: ou a pessoa paralisa (internaliza), ou foge (evita, afasta), ou ataca (enfrenta negativamente). A compreensão de que o medo, antes de ser um sentimento assustador, é o nosso protetor maior, composto pelo nosso principal mecanismo de defesa, os nossos sentidos (paladar, olfato, tato, audição, visão). Esses sim estão sempre dispostos a nos defender das ameaças externas… e internas. O cérebro gera pensamentos, que produzem sentimentos, que se refletem no corpo. Portanto, pensar no medo como um aliado é um importante primeiro passo também.
No mesmo parágrafo visualizamos a possibilidade de termos o “esforço” e o “medo” como ferramentas de progressão, e não o contrário. Mas como isso se dá na prática?
O vaginismo se caracteriza pelos sintomas físicos, porém estudos científicos não apontam uma causalidade fisiológica, e sim psicológica. Mas como resolver um problemas físicos causados por questões psicológicas? A resposta, para cada caso, precisa de um “esforço” de compreensão que envolve a pessoa em diferentes aspectos. Autoconhecimento, reflexão e mudança sustentável. Com a contribuição de um profissional qualificado, enfrentar os comportamentos reprimidos, que podem transparecer nas relações sociais (timidez, insegurança), e até nas relações íntimas com o próprio corpo, evitando o auto toque, principalmente o toque interno na vagina. Aprofundar essa intimidade é o primeiro passo prático para uma transformação na saúde sexual.
No caso da Doença de Peyronie, o próprio fato dela ser tão pouco difundida já explica os transtornos que a acompanham, mas que também podem ser trabalhados com profissionais qualificados para perceber, caso a caso, onde é possível atuar com o objetivo de que a doença não afete o ânimo sexual e a autoestima do homem. Há sim um fator físico importante, que é a fibrose peniana, mas o principal é a forma com que o paciente vai enfrentar o longo processo de evolução, ou retração da placa. É com a preservação do psicológico que ele poderá afastar-se de um processo disfuncional ou depressivo, que só vai agravar sua convalescença.
Enfrentar as mudanças com positividade e leveza exige uma restruturação cognitiva do sentido das palavras “esforço” e “medo”, e um trabalho de ressignificação de paradigmas. Assim, o paciente poderá ter uma vida sexualmente ativa e satisfatória.
As disfunções sexuais são diversas e com diversas causas, portanto é preciso procurar ajuda especializada e construir novos caminhos. Eu desenvolvo, na minha clínica, um método que chamo de Percurso Neoconstrutivo, que visa o bem estar físico e psicológico, no qual ofereço recursos para que o acesso ao ânimo possa ser sustentável, ou seja, que o “ativo” (pessoa ativada, comprometida com seu processo psicoterapêutico) se aproprie das suas potencialidades de melhora e cura.